Populações que vivem longe dos grandes centros urbanos de Minas Gerais vêm pagando um preço alto pelas condições de transporte de que são reféns. E não se trata apenas do já pesado sofrimento de enfrentar estradas em péssimas condições, tomadas pela poeira na seca, por atoleiros na chuva e por buracos o ano inteiro, mas de custo financeiro real. “Acho que o preço das mercadorias aqui é pelo menos 20% mais alto, por causa da despesa a mais com o frete”, calcula Wagner Raimundo de Souza, dono de um supermercado em Berilo, no Vale do Jequitinhonha.
A impressão do comerciante pode ser estendida a outros ramos da economia e a outros municípios que sofrem com a elevação dos preços de transporte devido às más condições de acesso. E demonstra que a péssima situação das estradas, que resulta inclusive em acidentes fatais, como mostrou série de reportagens do Estado de Minas, provoca também um gargalo para a economia, dificultando o comércio e onerando quem, ao fim, paga a conta: os consumidores.
Uma das principais causas do problema é a falta de investimentos em infraestrutura para melhoria das estradas, afirma o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Antônio Luís da Silva Júnior. “Há mais de 20 anos, não temos nenhuma obra estruturante e de melhoria na nossa infraestrutura. A nossa realidade é de estradas ruins, sem segurança, sem estrutura adequada de armazenamento, sem locais adequados para descanso dos motoristas, e de embarcadores que não respeitam as leis vigentes no país”, afirma.
Fonte: Estado de Minas
Imagem: Entre Berilo e Virgem da Lapa, no Vale do Jequitinhonha, ponte de madeira em pessimo estado é desafio extra no já crítico trecho de terra da BR-367
crédito: Iris do Rosário/Divulgação