Empresas alegam que decisão do CNPE deveria ter sido embasada em mais estudos sobre impactos do combustível B15 do que os utilizados pelo conselho.
As transportadoras de cargas de Minas Gerais se preparam para um aumento dos custos operacionais com a entrada em vigor, a partir do dia 1º de agosto, das novas composições dos combustíveis. A mistura obrigatória de biodiesel no diesel aumentará de 14% para 15%, que originará o B15, juntamente com o aumento do teor de etanol na gasolina, de 27% para 30%, para a formação do E30.
As empresas do setor são contra o aumento da mistura de biodiesel no diesel desde o anúncio da aprovação da medida pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em junho. Elas alegam que a decisão do CNPE deveria ter sido embasada com mais estudos sobre os impactos do combustível B15 do que os que foram utilizados pelo conselho.
A principal questão é que o biodiesel, quando armazenado por certo tempo, sofre um processo de decantação que cria uma borra que entope os bicos injetores dos caminhões, aponta o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Antonio Luis da Silva Junior.
O Setcemg aponta que os estudos utilizados pelo CNPE para a nova mistura do B15 são feitos com biocombustíveis recém-produzidos, ou seja, não consideram essa transformação do insumo ao longo do tempo de armazenagem.
As transportadoras até tentaram – sem sucesso – demover a União da medida. “Desde o anúncio (do B15) quando foi feito, a CNT, a ANTC (Associação Nacional dos Transportadores de Cargas do Brasil), os nossos órgãos maiores, todos reivindicaram que estivesse suspenso até ter uma avaliação técnica mais objetiva”, lamenta Silva Junior.
Com a iminência da entrada do B15 nos tanques dos caminhões, o setor se prepara para reservar uma parte maior do faturamento para a manutenção, ainda que não seja possível mensurar qual o tamanho dessa alta, disse o presidente da entidade. “Vamos ter um aumento de custo, principalmente de manutenção. Isso é inevitável, a gente já tem isso na conta”.
Na época da aprovação do B15 e do E30, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) solicitou um estudo à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para analisar a questão de percentual ideal da mistura do biocombustível no diesel e do uso de aditivos, para as entidades setoriais de transporte debaterem com o governo federal a melhor alternativa para um combustível mais sustentável.
O presidente do Setcemg afirma que esses estudos não foram concluídos, mas estão em fase final. Os resultados preliminares, segundo Silva Junior, mostram um caminho sem benefícios para as transportadoras. Assim que concluídos, os estudos serão utilizados pelo setor como mais um argumento para contrapor a intenção do governo federal em subir o percentual do combustível renovável misturado no diesel.
Fonte: SETCEMG / Diário do Comércio